sábado, 10 de abril de 2010

UMA VIAGEM POR FORTALEZA NOS RITMOS DOS TRANSPORTES URBANOS PÚBLICOS



A linha é Aeroporto-Papicu-Parangaba. O nº é 66. As duas filas formadas para o embarque, em uma das plataformas do Terminal Urbano da Parangaba, são bem disputadas. O horário – por volta das 6 e 30 da manhã, é chamado de “pico” pela grande quantidade de trabalhadores e estudantes que pretendem seguir aos seus destinos. Alguns olham distraídos para qualquer lado. Outros conversam. Outros, no entanto, se impacientam, olhando de tempos em tempos para o relógio, ou celulares para conferirem a hora da chegada do transporte. A rotina faz com que muitos saibam o horário exato da chegada do ônibus. Um atraso, que pode não ser incomum, deixa a fila mais agita e comprida.
Quando o ônibus aponta na esquina da plataforma, a fila, que já é bem grande, ganha vida própria e avança, comprimindo os passageiros da frente. A primeira parada é feita para que idosos, gestantes e passageiros com crianças de colo, possam subir pela porta da frente. Sobem com eles, também, vários pacientes, com acompanhantes, da Apae, a Associação de Pais e Amigos de Deficientes, de Fortaleza. O ônibus em questão passa em frente a sua sede, no bairro Luciano Cavalcante. É possível ouvir alguns passageiros reclamando da condução que já vem parcialmente ocupada. Mas a preferência para este tipo de passageiro é permitido por lei municipal. Finalmente o ônibus 66 abre sua porta – a do meio – e começa o jogo de empurra-empurra que beira o surrealismo. São muitos tentando passar por um espaço feito apenas para dois passageiros de cada vez. Onde esta a solução? Educação e respeito. Como incutir isso em quem deseja chegar ao emprego, à escola, ou faculdade todos de uma vez? Creio que uma bem feita campanha publicitária sobre o valor da boa vontade para com o próximo, a valorização da educação nos coletivos, o respeito pelo espaço do outro seria uma alternativa viável para melhorar o conforto do usuário de terminais. Campanhas aos moldes das de trânsito, com resultados comprovados em todo o país.
Dentro, incontáveis pés e mãos tentam um lugar para ser seu. Muitos, sem sucesso, não conseguem, bastando apenas “ficar em pé”. Há tantas pessoas juntas e comprimidas que não existe perigo de uma queda ou coisa parecida. O calor, mesmo nas primeiras horas do dia, já é sufocante. Calor, excesso de pessoas e ainda comprimidas resulta em desgaste e até mau humor para quem nem começou o dia de trabalho e estudo. Climatizar coletivos das linhas mais usadas em períodos de picos diurnos (G. Circular, Paranjana, Aeroporto, Náutico) seria mesmo inviável? Um acordo entre Prefeitura e empresários é impossível? O resultado daria um ganho de credibilidade imensurável para o poder público gerenciador do transporte urbano. Por enquanto, o transporte por ônibus, em determinados horários, em Fortaleza, permanece um desconforto bem democratizado.

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