sábado, 10 de abril de 2010

ALMA LAVADA



Assistindo ao programa Observatório da Imprensa, apresentado por um dos meus mestres, o velho e bom jornalista Alberto Dinis (foto), tive a impressão de estar ouvindo música da melhor qualidade. Eu explico: o assunto do debate era o filme do momento, "Tropa de Elite" e o porquê das pessoas estarem tão interessadas nele. Entre os debatedores estava o filósofo Renato Jeanine Ribeiro, o jornalista e crítico de TV, Gabriel Priole, além do Dinis, do diretor do filme, José Padilha e do escritor do livro que deu origem a película, que agora não me recordo o nome. Bem, o ponto máximo foi quando o Priole, já veterano na imprensa, disse com todas as letras que "não há mais reportagem", onde o repórter pode pesquisar, ouvir e sentir as fontes e os fatos e assim despertar o emocional na sociedade e daí fomentar o desejo da discussão . Sim, Sim é isso mesmo que acontece nas redações. A relação do filme e o sucesso no Brasil é que o material que foi pra pirataria e só depois para o cinema, apresenta o tráfico de drogas, a corrupção humana e policial e o uso das drogas pela classe média-alta que, automaticamente, financia o tráfico formando o famoso círculo vicioso e mortal. A imprensa, que deveria representar tais discussões - e ações - pouco se interessa.Os chefes de reportagem, editores e todos os níveis de chefia estão de mãos dadas com os diretores e empresários da imprensa. Buscam outros interesses e não investem no humano, leia-se, jornalista. Pelo menos com essa fábrica de parafusos que se tornou as redações ("produza um, duas, três... trinta pautas"), não vamos aprofundar assunto nenhum, muito menos um delicado como este das drogas. "Estamos bem de articulistas mas ruim de reportagem", alfinetou, de novo, Priole. E é isso que eu sinto trabalhando e fabricando paraf... digo, matérias, todos os dias. E há chefia que diz: "olha, você tem quatro pautas para fazer com horrário marcado e uma quinta pauta que poderá ser feita entre uma e outra matéria!"

Bela imprensa essa nossa!

Por isso, mais uma vez: Viva o Jornalismo Literário! Aquele que faz o leitor/telespectador/ouvinte pensar!

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